
Eis que chegou a fase da maturidade.
Dizem que uns amadurecem mais cedo e outros não, nunca chegam à idade da razão, como também é chamada.
Eu, sempre, ouvi minhas colegas falarem que eu era jovem mas tinha idade de uma senhora mais velha. Não entendia, francamente, porque elas achavam isso, pensava que todo mundo era como eu. E pensava... maturidade deve ser porque comecei a trabalhar muito jovem , aos quatorze anos mais ou menos, numa lojinha de roupas, e já tinha de obedecer a horários, patrões, resmungos, deixando de lado , um pouco os prazeres da adolescência.Mas, foi muito bom...
Bem, conheci meu marido, ainda bem jovem, namoramos durante um bom tempo e depois nos casamos. São longos e duráveis anos de casamento - 35 anos.
Passamos por fases boas, mas também vieram as más. Junto com elas um tempo de sofrimento, lágrimas e aprendizagem.
Com as boas, os filhos, as viagens, os carinhos, a atenção, o afeto, o companheirismo.
Ah, são tantas coisas boas para lembrar, mas as tristes teimam em aparecer, querem um lugar de destaque, mas eu não deixarei elas vencerem.
Minha fé em Deus me acompanhou sempre nessas lutas diárias.
deixei esse legado para meus filhos, que veem minha coragem, minha determinação: seguir em frente sem se lastimar e vencer.
Graças a Deus, venho saltando barreiras que a vida me impõe.
Tenho uma neta linda que é minha amiga e companheira. Imaginem, ela cursa o 5° ano do fundamental e está sendo minha professora de espanhol. Pode isso?
Minha paixão sempre foi estudar, desde menininha fiz sucesso com as letrinhas. Encantei meus pais quando aos seis anos já conhecia todas letras. Ainda me lembro da cartilha que tinha uma mãozinha com aeiou em cada dedinho e eu falava sem pestanejar.Daí em diante devorava os livrinhos de histórias, almanaques e gibis.
Nos anos sessenta, enquanto estouravam, do outro lado do mundo, bombas, guerrilhas e Vietnan, aqui explodiam revoluções, jovem gurda, tropicália e nossos corações pelos amores de adolescentes.Terminei meu curso de Normal e ingressei logo logo no Estado para trabalhar. Como não ter maturidade?
Mas o tempo ia passando, e como livre filho das montanhas eu ia feliz, sem lenço mas com documentos.
Vim para Nova Friburgo, onde conheci meu marido. Trabalhava em duas escolas: uma particular e a outra do Estado. Fiz vários cursos de atualização. Ingressei na Faculdade de Letras, mas logo após desisti e optei pelo casamento, só voltando mais tarde para realizar esse meu sonho de sempre.
Engravidei e perdi minha primeira filha ao nascer. Mas Deus me deu uma nova menina, a Danielle, hoje formada em Direito, e que me deu a netinha Fernanda. Depois veio o Fernando, formado em Fisioterapia. Meus tesouros.
Profissionalmente, me realizei com os adolescentes. Trabalhei com Sala de Leitura, levei para os meus alunos o gosto pela leitura. Como professora de Português, tentei levar o melhor para eles, principalmente minha amizade.
Ainda acredito na Educação como a salvadora da Pátria. Pena que muitos não acreditam.
Gosto de me lembrar de um grande líder dos cristãos: Moisés.
Aceitou o desafio de Deus e não parou no deserto. Foi mais além. Assim como ele, quero ir além, quero ver o que há além das fronteiras.
Quero desvendar outros caminhos e acreditar em mim sem perder a fé no meu Deus.
"As pegadas na areia do tempo
não são deixadas por aqueles
que permanecem sentados."
Eleanor Doan