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domingo, 25 de setembro de 2011

Nos cinquenta anos




Quarto em desordem




Na curva perigosa dos cinqüenta


derrapei neste amor. Que dor! que pétala


sensível e secreta me atormenta


e me provoca à síntese da flor



que não sabe como é feita: amor


na quinta-essência da palavra, e mudo


de natural silêncio já não cabe


em tanto gesto de colher e amar




a nuvem que de ambígua se dilui


nesse objeto mais vago do que nuvem


e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo


verdade tão final, sede tão vária


a esse cavalo solto pela cama


a passear o peito de quem ama.



Carlos Drummond de Andrade

4 comentários:

Toninho disse...

Muito bom ler Drummond.Bela escolha Piedade.
Meu abraço terno.
Boa semana com todas as cores da primavera.
Bju.

Anônimo disse...

drummondsupremo!

linda semana pra voce.

beijo

Glória Maria - Fadinha disse...

Muito lindo, sensual. Drummond era maraviloso. Vim te desejar uma boa semana. Muita paz. Bjs

Andradarte disse...

Gostei de ler Durmmond 'malandreco'.....Não conhecia..
Beijo