Quarto em desordem
Na curva perigosa dos cinqüenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo
verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.
Carlos Drummond de Andrade
4 comentários:
Muito bom ler Drummond.Bela escolha Piedade.
Meu abraço terno.
Boa semana com todas as cores da primavera.
Bju.
drummondsupremo!
linda semana pra voce.
beijo
Muito lindo, sensual. Drummond era maraviloso. Vim te desejar uma boa semana. Muita paz. Bjs
Gostei de ler Durmmond 'malandreco'.....Não conhecia..
Beijo
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