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sábado, 7 de agosto de 2010

Ontem, eu vi Clarice


Ontem eu vi Clarice, de pertinho, sim, era ela mesma. Ali,naquele palco, simplesmente era ela... Clarice Lispector, a minha doce e indecifrável Clarice. Seus cabelos sempre arrumados, elegantemente vestida, aliás, de um bom gosto danado, a voz macia, puxando no erre, sotaque estrangeiro, mas ela diz que tem a língua presa,rsrs... só ela tem esse direito, e eu acredito. Então, quando ela contou-me sobre o cego, ah, parecia que via também a minha frente todo o cenário do Rio de Janeiro dos anos 60!

Como é bom ler Clarice! Como é bom ver clarice! Como é bom ouvir Clarice! Seus insondáveis mistérios sobre a vida, viver é sempre um aprendizado. O amor no seu mais recôndito conceito, amar o outro, amar a si próprio, quem sabe dizer o quanto ama? Quem sabe sentir o verdadeiro amor? Quem o diz ou quem se cala? Sobre escrever, seu verdadeiro amor (concluo eu), esse é o seu maior prazer. Escrever para ela é buscar o que está escondido ou por trás daquilo que não se vê, ou não se quer ver. Como ela mesma disse para dizer é preciso ter coragem. Estou aprendendo com ela, é preciso ter um outro olhar, o segundo talvez, aquele que se penetra no mais íntimo de tudo. Ah, esse é o olhar, que não nos acostumamos a ter, a usar. Esse penetra, esse enxerga, esse vê o indizível, o milagre da vida.

Ouvir você, Clarice, fez-me sentir que não posso ter a terrível limitação de quem apenas vive, é preciso ter a liberdade de senti-la e de buscá-la.

A plateia em silêncio aguardava o momento exato para aplaudir de pé aquela que nos apresentou a estrela, que nos fez meditar por alguns minutos, que nos fez lembrar por que amamos tanto Clarice Lispector.
Em "Simplesmente eu, Clarice Lispector", vi a estrela brilhar mais uma vez.

Um comentário:

Valéria Gomes disse...

Amiga,
Eu, hoje, senti a pele arrepiar com a verdade que a conduz vida à dentro.
A intensidade aqui, marcou presença!!!

Beijos de passarinho!!!