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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

a carta


Recebi sua carta. Ah! que carta aquela! Só de pegá-la minhas mãos tremeram, meu corpo gelou. Que será que você escreveu para mim? Veio-me um pensamento cruel que tirou aquele sorriso sem graça do meu rosto e espantou a paz vestida de esperança que vivia comigo momentos atrás.
Lembrei-me daquele último dia: juntos e abraçados no meio daquela multidão, pois havia uma festa na cidadezinha onde morávamos, trocávamos palavras carinhosas e esperançosas. Naquela tarde, antes de decidir que viria embora, você se aproximou, pegou minha mão e saímos passeando e conversando como velhos namorados. Eram muitos assuntos para colocarmos em dia. A conversa foi longa, os abraços rápidos. O assunto solto, meio que perdido, as mãos apertadas com medo de se perderem outra vez. Sentíamos essa necessidade de ficarmos assim por um bom tempo, um sentindo o calor do outro através das mãos que não se soltavam. Até que chegou a hora de nos despedirmos, mas com a promessa de que nos veríamos brevemente, ou de nos falarmos, certamente através de uma carta.
Oh! Meu Deus, parece que foi ontem! Os bois e cavalos ainda estão ali desfilando para um grande público... o friozinho de junho... aquelas tardes que não terminam enquanto a noite não chega e as empurram para o outro lado do mundo... Está tudo ali, tudinho nos meus pensamentos.
Hoje, todas essas imagens passam rapidamente pela minha memória, porque justamente hoje, mês de junho, acabo de receber o carteiro que vem me entregar várias cartas. Não há entre elas nenhuma sua, claro! Procurei por procurar, hábito antigo...
O carteiro sorriu, me desejou um bom-dia. Agradeci, segurei-as entre as mãos, tentei esconder meus pensamentos.
Guardo novamente, bem no fundo da minha alma, a lembrança daquela carta que me trazia um simples adeus e todos os sonhos que um dia sonhei com você.

3 comentários:

Andréa Amaral disse...

Incrível como sua veia literária é romântica e saudosista. Vislumbro uma jovem sonhadora, idealista,ingênua, virginal; uma verdadeira heroína entre momentos alegres e grandes decepções.Podemos confundir autora e obra? Ou esta é uma personagem que virará livro em breve? bjs.

Helena Carvalho disse...

Num momento senti um aroma, em outro visualizei alguém que não esqueci. Em cada canto do desenho de seu conto encontrei um momento que vivi. Gratificante ler você. Um beijo!

piedadevieira disse...

Obrigada, você pinta com as palavras.