
No centro de um belíssimo jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul-turquesa. Ali vivia toda uma comunidade de peixes que elegera um dos membros do grupo como rei, e levava uma existência de total serenidade e satisfação.
Havia um peixinho vermelho, porém, que era menosprezado por todos. Os outros peixes arrebatavam para si toda a comida, escolhiam os melhores lugares para descanso e deixavam para ele apenas as sobras.
Sem muito tempo para descanso e brincadeiras, voltou-se para os estudos. Depois de mapear todo o lago encontrou o escoadouro e resolveu conhecer outros mundos e peixes de outras comunidades.
Optou pela mudança...
Alcançou um grande rio e fez muitos conhecimentos.
Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo-o quanto às dificuldades da viagem e os melhores roteiros para prossegui-la.
Chegou até o oceano e ficou fascinado com o que viu: a água era salgada e as espécies animais totalmente diferentes.
Passou a viver nos corais, com peixinhos amigos e descobriu algo que o deixou preocupado: quando a grande seca chegasse os animais marinhos tinham a sua sobrevivência garantida, pois o mar não secaria. Mas, o que seria dos seus antigos companheiros do lago em que vivera tanto tempo na infância?
Não deveria salvá-los? O mais correto não seia informá-los da tal seca?
Desta forma, fez a longa viagem de volta até o lago.
Não encontrou, no entanto, as manifestações de surpresa e de alegria que esperava.
Tentou comunicar a todos o risco iminente, mas ninguém lhe deu ouvidos. Nem o rei, imerso em sua soberba, quis ouvi-lo. Então, o peixinho abandonou o lago novamente e voltou para o mar.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca. O nível das águas desceu e o lago onde viviam os peixinhos preguiçosos tornou-se lama, desaparecendo a comunidade dos peixes.
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Esta é uma lenda egípcia que fala sobre a mudança e a resistência.
O que temos mudado em nossa vida? Ou a que temos resistido?
Para pensar...