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quinta-feira, 19 de abril de 2018

quando

"Quando eu estiver velhinha, vou morar um pouco com cada filho, 
e dar a eles tantas alegrias... Do jeito que eles me deram.
Quero retribuir tudo o que desfrutei deles fazendo as mesmas coisas.
Oh, eles vão adorar!
Escreverei nas paredes com lápis de cores diversas, 
pularei nos sofás de sapatos e tudo. Beberei das garrafas 
e as deixarei vazias e fora da geladeira, entupirei de papel 
os vasos sanitários; como eles ficarão bravos com isso!
(Quando eu estiver velhinha e for morar com meus filhos)...
Quando eles estiverem ao telefone e não puderem me alcançar, 
vou aproveitar para brincar com o açúcar ou com a água sanitária. 
Eles vão balançar suas cabeças e correr atrás 
de mim.Mas, eu estarei escondida debaixo da cama.
Quando me chamarem para o jantar que eles prepararam, 
não vou comer as verduras, as saladas ou a carne, 
vou engasgar com o quiabo e derramar leite na mesa, 
e quando se zangarem, corro ― se for capaz!
Sentarei bem perto da TV e vou mudar de canal o tempo todo. 
Tirarei as meias pela sala e perderei sempre um pé; 
e vou brincar na lama até o final do dia.
E mais tarde, à noite, já deitada, vou agradecer a Deus por tudo, 
fechar meus olhinhos para dormir, e meus filhos vão olhar para mim com um meio sorriso e vão dizer: 
― Ela é tão doce quando está dormindo!"

Luciana Viter

Um comentário:

Existe Sempre Um Lugar disse...

Bom dia, seu texto é a realidade da vida, tenho um pai velhinho com 94 anos, o medico um dia disse-me que devemos ter paciência, porque quando se chega a velhinho volta-se a ser criança, é o caso do meu pai, faço votos para que um dia, (daqui a muitos e muitos anos) a Luciana, chegue a velhinha com saúde para voltar a ser criança, eu também quero ser.
Feliz fim de semana,
AG