Há um rio
que passa atrás do muro da minha casa,
cujas águas turvas e sujas
correm sossegadas.
Coitado, está quase morrendo
já não ouço o seu cantar!
Havia um rio
lá longe, bem distante, na minha cidade natal
que corria entre as pedras
no fundo do meu quintal.
Saudades da minha infância querida
"que os anos não trazem mais",
das brincadeiras nas jangadas,
dos pulos e dos mergulhos
nas águas esverdeadas
do meu rio que passa lá.
Que engraçado!
A minha mãe me dizia
que nas terras onde nasci
um rio vinha e descia
de uma cachoeira de águas finas,
cantava um chuê...chuá
que embalava o meu dormir.
Desse não tenho uma imagem,
nem sei se ainda existe
e não me lembro do seu rumor.
A minha vida é um rio
cujas águas cristalinas
correm e passam cantando
nas subidas e nas descidas
uma história de amor.
(pv)
2 comentários:
Que lindo, Piedade! Nossa... e como é reflexivo... A analogia rio-vida é realmente algo intrigante. Seu poema me lembrou João Cabral de Melo Neto, com Vida e morte Severina. A questão da correnteza associada ao transcorrer da vida, assim como os possíveis extravios que possam descorrer desta busca infinita que é o próprio viver. Infinito, pois o rio corre para morrer no mar, onde renasce ainda maior.
Maravilhoso texto!!! Bjs!
Elogios seus são sempre prazerosos.
Obrigada.
Postar um comentário