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sábado, 31 de outubro de 2009

No meio do caminho...




No meio do caminho tinha uma pedra...é um banco, e nele está sentado um poeta olhando a simplicidade do mundo que se movimenta à sua frente. Seus olhinhos miúdos, atentos a tudo,ainda conservam aquele quê de poesia e mistério. Seus pensamentos ainda trabalham procurando as palavras, sim,porque as palavras do poeta não morrem, se eternizam. Ele não luta com as palavras, lutar pra quê, se essa luta é vã e se elas brotam como relva fina e macia na mente do poeta? Brincar, sim, isso ele brinca e muito , ele joga com as palavras, cria novas, inventa e reinventa, enriquece-as e as torna mais belas do que já são.
Quando contemplo teu rosto
este amor a contragosto
fermenta de ácido mosto
e no meu rosto de couro
no meu cavername rouco
um dó de mim, um a-gosto
me punge, queima de agosto.
Tinha uma pedra no meio do caminho... mas essa pedra não impedia a passagem de ninguém, pelo contrário, todos que passam por ali admiram e lembram de suas poesias e com elas um pouco de suas vidas. Seus poemas falam de amor, de vida, de infância, de simplicidade pura.
Que pode uma criatura senão
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar,amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Tinha uma pedra... uma pedra no sapato incomoda, é preciso retirá-la. Mas essa pedra não incomoda, não preciso removê-la, basta sentar ao seu lado e sorver um pouco de sua magia , sua poesia. Há aqueles que não se contentam com pouco e levam um pedacinho para casa ou até os óculos do poeta. Que pena!
Casa entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
No meio do caminho tinha uma pedra... pare, contemple, deixe-a onde está. Cante parabéns para o poeta, hoje ele completaria 107 anos de simplicidade.
E agora, José?
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

colheita






COLHEITA


Tempo de colheita

lágrimas, sorriso e dor

espinhos do amor.

(pv)



sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pingos de amor



Chuva na vidraça

e lamentos da minh'alma

são pingos de amor.
(pv)


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Viver a vida




Se as flores não vê

não sabe viver a vida...

só possui mau-olhado.
(pv)

Chove





Chuva cai lá fora.

Dentro de mim sinfonia

de amor e paixão.
(pv)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Folhas de paz



Momento de paz...

São folhas que caem no outono

do meu coração.
(pv)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Vida






Minha vida

assumida

compreendida

comprometida

concorrida

defendida

discutida

envolvida

escolhida

espremida

expressiva

medida

resolvida

sentida

sofrida

vivida

não é perdida.
(pv)

domingo, 18 de outubro de 2009

Todo dia ela faz tudo sempre igual.










Todo dia ela faz tudo sempre igual: levanta às seis horas da manhã, agora no horário de verão não sei como ficará, prepara o café para o maridão, rega as flores da janela, agradece a Deus pelo belo dia ( com chuva ou com sol), leva-o depois até o portão e despedem-se com um beijo com sabor de café.



Assim que ele sai, ela liga a tevê para assistir ao programa preferido e aproveita para fazer alongamentos. Não quer saber de compromissos, relatórios, planejamentos, provas, chefes, ordens...nada disso mais na sua vida, chega de hora marcada! Agora é tudo muito light, uma paradinha aqui outra ali, obrigações e corre-corre nunca mais! Hora marcada mesmo só com novelas. É novela da tarde, das seis, das sete e das oito, tornou-se uma noveleira sem igual. Chora por Serena, ri com o Chico, torce pela Helena. Eta vida boa, meu Deus!



Aí, vem o almoço, é hora de preparar a comidinha. Procura daqui e dali um cardápio apropriado para o dia, diferente, quer agradar... sair do arroz com feijão. Descasca legumes, prepara saladas, faz sucos coloridos, inventa e tenta... só a sobremesa que deixa para o fim de semana, é para não engordar. Ih, a pia está cheia de louças, "por que essa gente come tanto!", pensa ...mas não pára.

Coloca roupa na máquina, atende o telefone, alguém toca a campanhia, corre vai ver quem é - é a vizinha. Não se apressa... mas sente um cheiro estranho...de queimado...é o arroz... Já era.


Assim, Maria vai tocando em frente desde que resolveu pendurar as chuteiras no seu trabalho. Os pessimistas diziam que ela ia ficar depressiva sem ter o que fazer, sentiria muitas saudades. Os otimistas, que não teria tempo para nada, tantas seriam as novidades. Ela não quis nem saber, concordava com uns e sorria para outros.


O que, realmente,estava programado era sair pelas ruas sem lenço, mas com documentos, olhar as vitrines, comprar roupas novas, tomar sorvete, comer brownie, ir ao cinema, viajar por aí, conhecer gente nova, visitar parentes, sair às sextas-feiras para jantar fora, bater papo com amigas que não via há séculos, lembrar dos tempos bons da Faculdade e dos amigos ... e dos risos.


Mas não foi bem assim, Maria conheceu a rotina, companheira cretina que se aproximou de mansinho, sem fazer alardes. Chegou com ares de visita e foi se instalando na sua casa, na sua vida...


Pensando bem, acho que ela está feliz, já se acostumou com essa vidinha, é melhor não falar nada e deixar tudo como está. Ah, ia esquecendo... à noitinha, ela prepara o jantar, lava as louças novamente e vai feliz para o seu ninho de amor. Bom, aí eu não tenho esse direito de contar o que rola. Só sei que toda noite ela faz tudo quase sempre igual.





quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Hoje é o nosso dia



Hoje é o dia de quem possui o dom divino de ensinar, de quem incentiva o amadurecer, estimula sonhos e vocações, ajuda a construir um mundo melhor, semeia conhecimentos, cultiva inteligências e colhe no final do seu trabalho a esperança. A esperança de ver sua missão cumprida, a esperança de que outros também a farão, a esperança de um reconhecimento de que seu trabalho não foi em vão. A esperança de ter vontade de continuar...
Hoje é o nosso dia, professor!

Passamos por lutas diversas, colhemos alegrias, às vezes tristezas, decepções, mas não desistimos. Quando olhamos nosso trabalho sério, nossa dedicação ( um desafio constante a cada dia), quando ouvimos um agradecimento, um olhar diferente de que aprendeu a lição, ou apenas um - mestre querido! - sentimo-nos valorizados e deixamos por conta da emoção. E são tantas acumuladas por todos esses anos! E são tantas as lembranças que ficaram que não podemos deixar passar em branco esse dia.
Não vou negar que houve um tempo na minha caminhada que não ligava muito para isso. Dizia que faria meu trabalho e só. Não queria estreitar esse relacionamento, afinal o salário ganho não valia a pena. Ainda bem que passou, o ideal falou mais alto. Investi, estudei, busquei, dediquei-me. Amei o que fiz e o que sabia fazer fiz com amor.
Sei que ocupei um lugar de destaque na vida de muitas pessoas, alegro-me por isso, pois tenho a certeza de que colaborei com um pouco do que tinha, meus saberes. Dividi os meus sonhos, sonhei e ouvi sonhos diferentes, somei-os aos meus.
Não me restringi a dar apenas lições para o intelecto, mas lições para a vida, para tempos longínquos. Ah! como é bom ser lembrada como a professorinha amada! Até hoje recordo-me daquela que apesar de brava e sisuda me deixou tantas recordações - Dona Zilá.
Vamos celebrar nosso dia, afinal nós merecemos, antes que esqueçam por completo que hoje é o DIA DO PROFESSOR.
Para todos nós, dedico esses versos de Drummond:
Não estou vazio
Não estou sozinho
Pois guardo comigo
Algo indescritível.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Mario... só... Quintana

As mãos do poeta






Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
Trago-te estas mãos vazias
Que vão tomando a forma do teu seio.




Das utopias
Se as coisas são inatingíveis
Ora... não é motivo para não querê-las
Que tristes os caminhos
Se não fora a presença distante das estrelas.


O adolescente

A vida é tão bela que chega a dar medo.
Não o medo que paralisa e gela,
estátua súbita,
mas
esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz
o jovem felino seguir para a frente farejando o vento
ao sair; a primeira vez, da gruta.


Medo que ofusca: luz!


Cumplicemente,
As folhas contam-te um segredo
Velho como o mundo:


Adolescente, olha! A vida é nova...
A vida é nova e anda nua
- vestida apenas com o teu desejo!
Para você, meu sempre poeta Quintana, esta página com carinho.




sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Eu passarinho..."







Todos estes que aí estão


Atravancando o meu caminho


Eles passarão, eu passarinho.











Eu amo esse velhinho, com todo respeito, amo suas poesias, amo suas prosas, amo seu jeito de ser. Como gostaria de ter conhecido pessoalmente esse gaúcho de Alegrete do Rio Grande do Sul!

Mas contento-me com suas prosices e sua poesia porque como ele mesmo diz - " minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo."

Ele diz que é caladão e introspectivo.Ah, meu querido Quintana, como diz coisas belas e sensíveis nesse seu silêncio! Quanta ternura nesse seu olhar... quanto mistério!

Você nasceu para voar, realmente é um pássaro, um passarinho... que pousou para aqueles que nunca tiveram o prazer de conhecê-lo... mas continua voando e cantando para nós que o amamos.
Você disse que "no cemitério não fica nada, o que fica é aquilo que recordam de ti." Com certeza no seu túmulo está escrito: EU NÃO ESTOU AQUI. Seu epitáfio ideal, criado por ele mesmo.
Sua vida é cheia de lições, quem não leu deveria ler um pouco para conhecer um dos maiores poetas brasileiros.
Olha que lição!
A vida é um dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra
oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente...
E, parafraseando Bandeira, dedico-lhe:
Meu Quintana,
os teus cantares não são cantares
- são quintanares - que jamais serão esquecidos
mas eternamente lembrados.